Guardados


Me ensinaram desde pequena que o que era meu estava guardado. A essa altura da minha vida, desconfio que só podem ter esquecido onde. Mas fico brava não, e sigo empinando nariz e tomando vinho demais e espalhando gargalhadas escandalosamente, fingindo que não morro cada vez que descubro que não era nada disso.
Porque não foi, sabe? Não conosco.
Por esses dias, comecei a rabiscar, sonhando alto, a planta baixa da minha futura casa. Parecida com aquela. Conosco. Madeira para aquecer, vidro para ver-verde do lado de fora.
Um quarto.
Só.
Meu.
Pensei: Sou feliz.
Pensei mais: Quem precisa da presença de outro, tantos que somos.
Ainda: Não dou conta nem de mim...
O travesseiro que não mais dividimos, riu como se fosse você, bem da minha cara.

Um comentário:

Menina no Sotão disse...

Estou bem aqui imaginando as cenas, os desenhos e essa casa de frente para montanhas, seriam de pensamentos?

bacio

Ps. Espero que esteja melhor.