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Eu te odeio pelo que não sentes, pelo que não arde, pelas faltas e ausências;
pelo seu signo, sua marca, sua história;
pelas mulheres de antes, pelas que virão, pelas que continuam presentes.
Odeio suas certezas à meu respeito, seu sorriso de dono;
por não ter batido a porta do carro, por não ter perdido o controle;
seus horários, seu sono, seu nariz perfeito.
Eu te odeio pelo meu desejo, pela menstruação que chegou;
odeio sua respiração quente no meu pescoço enquanto me consumo.
Te odeio pela minha insônia, pela minha dor, por todos os nãos;
odeio seus freios, sua sobriedade, sua juventude;
os anos que não vivesses e te separam do que sei;
quando não me queres, quando me intimidas, quando me fazes adolescer.

Odeio esse meu quase amor.

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