Três vezes


Você nunca vai naquele bar. Era meu território e eu me achava em segurança. Então, é claro que eu estava desarmada. E entenda também, quase dois meses que eu não te avistava. Estava me sentindo quase curada, quase não doía mais. Então acreditei que me manteria firme na minha decisão de nunca mais. Mas aí você saiu de onde eu não te podia, naquela mesa lá longe, cercado de amigos imbecis e veio beijar uma qualquer bem na minha frente. Doeu tanto que eu roubei um microfone e fui berrar minhas dores. Você me olhava e eu me senti tão ridícula ali, tão bêbada, tão de joelhos, tão “sem sentir meus pés no chão” que fui aplaudida de pé quando terminei minha apresentação de desespero. E você foi embora , só assim para que eu conseguisse conter as lágrimas e o ódio e a vontade de cuspir na sua cara.
Aí teve o Sábado. E novamente. Teu olhar firme me acompanhando sem motivo algum. E eu fugindo para procurar pela janela, minha vergonha na cara. Porque eu te queria e te quis tanto.
Domingo. A amiga mostrando tua mensagem no celular dela. Depois a tua rouquidão nos negando no viva-voz, se negando para mim, me negando para si mesmo. Três vezes. Chorei vendo o galo cantar. Acordei tarde com sua crueldade e frieza me fazendo doer as têmporas.
Coloquei os óculos escuros e tive que enfrentar a verdade voltando para casa.
Você nunca.

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